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Mulheres na ciência

OUT2019 

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LISTA

A participação das mulheres na construção do pensamento científico é tão antiga quanto o princípio da ciência. Por isto, neste mês dedicado a conscientização a respeito do câncer de mama e a saúde da mulher, vamos falar um pouco sobre mulheres que se dedicaram não somente à pesquisas em saúde, mas também a estudarem várias outras áreas e assim promoveram grandes avanços na ciência.

Reunimos conteúdos sobre a trajetória e as pesquisas dessas grandes mulheres cientistas, que enfrentaram as mazelas do patriarcado, lutaram para conquistar seu espaço na academia, foram muitas vezes invisibilizadas, mas que através de suas "balbúrdias" transformaram a nossa sociedade, nos possibilitando usufruir hoje de suas contribuições e dos direitos conquistados.

Para iniciar o nosso debate, indicamos a leitura do artigo intitulado Trajetória de Mulheres na Ciência: "ser cientista" e "ser mulher", de Fabiane Ferreira da Silva e Paula Regina Costa Ribeiro.

Resumo do artigo: O artigo aborda a trajetória acadêmica e profissional de mulheres na ciência. A produção de entrevistas com mulheres cientistas atuantes em universidades públicas e numa instituição de pesquisa do Rio Grande do Sul constitui o corpus de análise deste estudo. Na análise, chamamos a atenção para o poder que atravessa as relações sociais constituindo identidades e diferenças que geram preconceitos de gênero. Nas narrativas, emergiu a negação do preconceito, o reconhecimento de “brincadeiras” sexistas que não são percebidas como preconceito, e situações explícitas de preconceito de gênero. Outro aspecto evidenciado refere-se à necessidade de conciliar a profissão com as responsabilidades familiares, que implicou jornadas parciais de trabalho, o adiamento ou recusa da maternidade. No artigo, argumentamos que a trajetória das entrevistadas na ciência foi e é construída em um ambiente baseado em valores e padrões masculinos, que restringem, dificultam e direcionam a participação das mulheres na ciência.

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Hildegard de Bingen

(1098-1179)

1.

Durante a idade média, mulheres se instruíram em conventos e foi como abadessa que Hildegard de Bingen (ou santa Hildegard, para a igreja anglicana) escreveu livros sobre botânica e medicina. Suas habilidades de médica eram conhecidas e frequentemente confundidas com milagres. Seus feitos se tornaram tão famosos que um asteroide foi batizado em sua homenagem: o 898 Hildegard.

Hildegarda escreveu o Liber subtilitatum diversarum naturarum creaturarum, (Livro das propriedades - ou sutilezas - das várias criaturas da natureza), dividido em Physica (Liber simplices medicinae) (Física - Livro da medicina simples) e Causae et curae (Liber compositae medicinae) (Causas e curas - Livro da medicina complexa). Não se sabe como ela veio a adquirir seu conhecimento; sua atividade como médica foi toda informal e sua formação nesse campo aconteceu provavelmente de forma autodidata. Fazia parte das obrigações das superioras conventuais velar pela saúde de suas monjas, mas a prática profissional do ofício exigia formação universitária, o que era vedado às mulheres. Seja como for, pelo conteúdo do tratado se infere que ela estava familiarizada com a medicina de Galeno, de Hipócrates, as práticas árabes e o curandeirismo tradicional alemão, e deve ter ampliado seus conhecimentos com a prática de atendimento a doentes no seu mosteiro.

2.

Maria Gaetana Agnesi

(1718-1799)

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A matemática espanhola descobriu uma solução para equações que, até hoje, é usada, sendo ela a autora do primeiro livro de álgebra escrito por uma mulher. Também foi a primeira a ser convidada para ser professora de matemática em uma universidade.

Agnesi é reconhecida como tendo escrito o primeiro livro que tratou, simultaneamente, do cálculo diferencial e integral. Escreveu em latim a obra "Propositiones philosophicae" (Proposições Filosóficas), publicada em Milão em 1738; mas o que a tornou notável foi o seu compêndio profundo e claro de análise algébrica e infinitesimal na obra "Instituzioni Analitiche" (Instituições Analíticas), traduzida para o inglês e para o francês.

O livro foi além dos tópicos sobre filosofia e abordou mecânica celestial e teoria da gravidade de Newton. Durante uma década, Agnesi escreveu uma obra de dois volumes; o primeiro deles, com mais de mil páginas tratava de aritmética, álgebra, trigonometria, geometria analítica e cálculo. O segundo abrangia equações diferenciais. Foi a primeira obra que uniu as ideias de Isaac Newton e de Gottfried Leibniz. É dela também a autoria da chamada "curva de Agnesi".

3.

Ada Lovelace

(1815 -1852)

3. Ada Lovelace.jpg

Seus talentos matemáticos levaram-na a uma relação de trabalho e de amizade com o colega matemático britânico Charles Babbage e, em particular, o trabalho de Babbage sobre a Máquina Analítica. Entre 1842 e 1843, ela traduziu um artigo do engenheiro militar italiano Luigi Federico Menabrea sobre a máquina e complementou com um conjunto de sua própria autoria, que ela chamou de Anotações. Essas notas contêm um algoritmo criado para ser processado por máquinas, o que muitos consideram ser o primeiro programa de computador.

Ela também desenvolveu uma visão sobre a capacidade dos computadores de irem além do mero cálculo ou processamento de números, enquanto outros, incluindo o próprio Babbage, focavam apenas nessas capacidades. Sua mentalidade da "ciência poética" a levou a fazer perguntas sobre a Máquina Analítica (como mostrado em suas notas) e a examinar como os indivíduos e a sociedade se relacionam com a tecnologia como uma ferramenta de colaboração.

A linguagem de programação Ada foi criada em homenagem à Ada Lovelace pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A documentação da linguagem foi aprovada em 10 de Dezembro de 1980.

Em 1981, a Associação de Mulheres na Computação criou o Prêmio Ada Lovelace. Em 1998, A Associação Britânica de Computação criou a Medalha Lovelace e em 2008 iniciou uma competição anual para alunas. A Associação Britânica de Computação é patrocinadora do Lovelace Colloquium, que é uma conferência anual para mulheres estudantes de graduação. A Ada College é uma escola extra-curricular focada em tecnologia localizada em Tottenham Hale, Londres.

4.

Marie Curie

(1867 – 1934)

4. Marie Curie.jpg

Marie Curie foi uma cientista e física polonesa naturalizada francesa, que conduziu pesquisas pioneiras em todo o mundo no ramo da radioatividade. Foi a primeira mulher a ser laureada com um Prêmio Nobel e a primeira pessoa e única mulher a ganhar o prêmio duas vezes e foi a primeira mulher a ser admitida como professora na Universidade de Paris. Em 1995, a cientista se tornou a primeira mulher a ser enterrada por méritos próprios no Panteão de Paris.

As conquistas de Marie incluem a teoria da radioatividade (termo que ela mesma cunhou), técnicas para isolar isótopos radioativos e a descoberta de dois elementos, o polônio e o rádio. Sob a direção dela foram conduzidos os primeiros estudos sobre o tratamento de neo plasmas com o uso de isótopos radioativos. A cientista fundou os Institutos Curie em Paris e Varsóvia, que até hoje são grandes centros de pesquisa médica.

Marie Curie teve também um papel significativo como educadora. Já em 1885, com apenas 18 anos, exercera a profissão de professora particular para filhos de famílias ricas na Polônia. O país estava dominado pelo Império Russo, era impedido de repassar sua cultura e sua língua aos jovens, mas não para Marie, que com a ajuda de sua irmã Bronislawa Sklodowska lecionou numa universidade ilegal (por desafiar as políticas da época), frequentada principalmente por mulheres proibidas de seguirem seus cursos regularmente.

Aos 33 anos, já na França, Marie torna-se professora secundária, sendo a primeira mulher a participar do corpo docente da Universidade de Sorbonne. Suas ex-alunas contam que ela foi inovadora pois ampliou o tempo de suas aulas, levava-as para conhecer os laboratórios de pesquisa, colocava-as diante equipamentos de experimentos (o que até então era restrito apenas aos garotos) e produzia seu próprio material didático.

5.

Florence Sabin

(1871-1953)

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Florence é conhecida como “a primeira-dama da ciência americana” – ela estudou os sistemas linfático e imunológico do corpo humano. Tornou-se a primeira mulher a ganhar uma cadeira na Academia Nacional de Ciência dos EUA e, além disso, militava pelo direito de igualdade das mulheres.

Sabin recebeu seu diploma de bacharel do Smith College em 1893. Por dois anos, ela ensinou matemática no ensino médio em Denver, e depois ensinou por um ano zoologia no Smith College, como forma de financiar seu primeiro ano de pós-graduação. Em 1896, Sabin se matriculou na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins como uma das 14 mulheres de sua turma. A escola abriu em 1893 e desde o início aceitou homens e mulheres por causa de um antigo doador que exigiu a admissão de alunas.

Enquanto estudava na Hopkins, as habilidades observacionais de Sabin e a perseverança no laboratório chamaram a atenção do anatomista Franklin P. Mall. Mall inspirou Sabin ajudando a estreitar seu foco em dois projetos bem considerados pelos cientistas e fundamentais para sua futura pesquisa e, conseqüente, seu legado. O primeiro projeto foi produzir um modelo tridimensional do tronco encefálico de um bebê recém-nascido, que se tornou o foco do livro didático: Um Atlas da Medula e Mesencéfalo (1901). O segundo projeto envolveu o desenvolvimento embriológico do sistema linfático, que afirmava que o sistema linfático é formado a partir dos vasos sanguíneos do embrião e não de outros tecidos.

6.

Virginia Apgar

(1909 -1974)

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É ela a criadora da Escala de Apgar, exame que avalia recém-nascidos em seus primeiros momentos de vida, e que, desde então, diminuiu as taxas de mortalidade infantil. Especialista em anestesia, ela também descobriu que algumas substâncias usadas como anestésico durante o parto acabavam prejudicando o bebê.

Em 1949, Virginia se tornou professora no colégio de cirurgiões onde permaneceu até 1959. Neste período, ela clinicava e fazia pesquisa na área médica em associação com o Hospital Sloane Para Mulheres. Em 1953, ela introduziu a Escala de Apgar para verificar a saúde de recém-nascidos. A escala se baseia na condição do bebê no primeiro minuto do nascimento e depois em cinco minutos de nascimento. Se em cinco minutos o Apgar estiver baixo, medidas adicionais são feitas a cinco minutos.

Em 1959, Virginia deixou Columbia e obteve o título de mestra em saúde pública pela Johns Hopkins School of Hygiene and Public Health. De 1959, até sua morte em 1974, Virginia trabalhou com a Fundação March of Dimes, uma organização sem fins lucrativos que visa melhorar a saúde de parturientes e seus recém-nascidos, além de vice-presidente para assuntos médicos e diretora do programa de pesquisa para prevenir e tratar defeitos congênitos.

Como a idade gestacional está diretamente ligada com a pontuação do recém-nascido na Escala de Apgar, Virginia foi a primeira pessoa na organização a chamar a atenção para o problema do parto prematuro, que é hoje uma das prioridades da March of Dimes. Virginia escreveu artigos, palestrou e publicou textos em revistas populares. Em 1967, se tornou vice-presidente e diretora de pesquisa em nível nacional na March of Dimes. Na epidemia de rubéola de 1964-65, Virginia se tornou porta-voz da vacinação universal para prevenir a infecção, via mãe, de recém-nascidos.

7.

Nise da Silveira

(1905- 1999)

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Foi uma médica psiquiatra brasileira. Reconhecida mundialmente por sua contribuição à psiquiatria, revolucionou o tratamento mental no Brasil. Foi aluna de Carl Jung. Dedicou sua vida ao trabalho com doentes mentais, manifestando-se radicalmente contra as formas que julgava serem agressivas em tratamentos de sua época, tais como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia. Nise ainda foi pioneira ao enxergar o valor terapêutico da interação de pacientes com animais.

De 1926 a 1931 cursou a Faculdade de Medicina da Bahia, onde se formou como a única mulher entre os 157 homens daquela turma. Está entre as primeiras mulheres no Brasil a se formar em Medicina. Logo após terminar sua especialização, foi aprovada no mesmo ano em um concurso de psiquiatria, e começou a trabalhar no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital da Praia Vermelha.

Nos anos 1930, militou no Partido Comunista Brasileiro e foi uma das poucas mulheres a assinar o "Manifesto dos trabalhadores intelectuais ao povo brasileiro".

Durante a Intentona Comunista foi denunciada por uma enfermeira pela posse de livros marxistas. A denúncia levou a sua prisão em 1936 no presídio Frei Caneca por 18 meses. Nesse presídio também se encontrava preso Graciliano Ramos, com o que ela tornou-se uma das personagens de seu livro Memórias do Cárcere. Após a vida em semi-clandestinidade e afastamento do serviço publico entre 1936 a 1944 iniciou seu trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, onde retomou sua luta contra as técnicas psiquiátricas que considerava agressivas aos pacientes.

Por sua discordância com os métodos adotados nas enfermarias, recusando-se a aplicar eletrochoques em pacientes, Nise da Silveira foi transferida para o trabalho com terapia ocupacional, atividade então menosprezada pelos médicos. Assim, em 1946 fundou naquela instituição a "Seção Terapêutica Ocupacional". No lugar das tradicionais tarefas de limpeza e manutenção que os pacientes exerciam, ela criou ateliês de pintura e modelagem com a intenção de possibilitar aos doentes reatar seus vínculos com a realidade através da expressão simbólica e da criatividade, revolucionando a Psiquiatria então praticada no país. Em 1952, ela fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, um centro de estudo e pesquisa destinado à preservação dos trabalhos produzidos nos estúdios de modelagem e pintura que criou na instituição, valorizando-os como documentos que abriam novas possibilidades para uma compreensão mais profunda do universo interior do esquizofrênico.

8.

Gertrude Belle Elion

(1918 -1999)

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Foi uma bioquímica estadunidense criadora de medicações para suavizar sintomas de doenças como Aids, leucemia e herpes, usando métodos inovadores de pesquisa – seus remédios matavam ou inibiam a produção de patógenos, sem causar danos às células contaminadas.

Após o término de seu curso de Química, os empregos em sua área eram escassos e ainda as poucas vagas para laboratórios, não estavam disponíveis para mulheres. Gertrude Elion lecionou Bioquímica para enfermeiros no New York Hospital School of Nursing, por um trimestre. Mas só iniciou sua carreira em pesquisa após, quando surgiu uma oportunidade de assistente de laboratório disponibilizada por um Químico. Embora, não fosse ganhar nenhum salário por um período, ela decidiu que valeria a pena. E valeu a pena, pois essa experiência reafirmou sua vontade de ser uma cientista e então ela ingressou na New York University, em 1939, no curso de pós-graduação em Química. Ela era a única mulher em sua classe.

Com o tempo, Gertrude se tornou chefe do Departamento de Terapia Experimental na Burroughs Wellcome, de 1967 a 1983. Durante sua carreira, foi membro de diversos Comitês e Sociedades Científicas e após a sua aposentadoria, atuou como docente de pesquisa em Medicina e Farmacologia na Duke University. Apesar do afastamento oficial da Burroughs Wellcome, ela permaneceu como Cientista e Consultora Emérita participando de discussões e seminários relacionados à Ciência.

Gertrude Belle Elion faleceu em 21 de fevereiro de 1999 na Carolina do Norte. Ela traçou essa carreira brilhante na Ciência, deixando a mensagem de que grandes feitos não são realizados somente por grandes homens, mas também por grandes mulheres.

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Rosalind Franklin

(1920 - 1958)

Pioneira nas pesquisas de biologia molecular, a biofísica britânica Rosalind Franklin ficou conhecida no meio científico por seu trabalho sobre a difração dos raios-x, além de ter descoberto o formato helicoidal do DNA e ganhar o título póstumo de “mãe do DNA”.

Pioneira nas pesquisas de biologia molecular, a biofísica britânica Rosalind Franklin ficou conhecida no meio científico por seu trabalho sobre a difração dos raios-x, além de ter descoberto o formato helicoidal do DNA e ganhar o título póstumo de “mãe do DNA”.

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Estrelas além do tempo (Hidden Figures)

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Sinopse: 1961. Em plena Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética disputam a supremacia na corrida espacial ao mesmo tempo em que a sociedade norte-americana lida com uma profunda cisão racial, entre brancos e negros. Tal situação é refletida também na NASA, onde um grupo de matemáticas negras é obrigado a trabalhar a parte. É lá que estão Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe), grandes amigas que, além de provar sua competência dia após dia, precisam lidar com o preconceito arraigado para que consigam ascender na hierarquia da NASA.

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O Meninas e Mulheres na ciência (@mmciencia) é um  projeto de divulgação científica sem fins lucrativos. Na pagina vocês podem encontrar muuuuito conteúdo a respeito do tema! Dá uma conferida!

A questão feminina trata-se de uma questão social, por isso é tão essencial discutir a participação das mulheres na ciência. Para que não haja mais a apropriação indevida e a desvalorização de seus trabalhos. Para que sejam "descolonizadas" e reconhecidas as suas grandes obras. Por mais mulheres na ciência e pelo fim da desigualdade de gênero nesse espaço.

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